As semanas seguintes foram as mais felizes que eu poderia sonhar em ter. Minha vida estava perfeita. Eu estava na casinha, com Lucas, indo a Port Renfrew de vez em quando. Mas naquela sexta-feira preferimos caçar. Lucas estava se adaptando bem à ideia de alimentar-se somente de animais. Ele escapuliu duas vezes, e apesar de achar o sangue humano muito melhor, achou que eu estive certa em não matar pessoas todo o tempo. Claro que eu tinha que caçar mais frequentemente, porque o sangue de animais não nutria tanto quanto o humano, e logo começávamos a ficar fracos.
Ainda não tínhamos caçado, porque procurávamos um lugar diferente. Paramos à beira de um riacho coberto de pedras nas margens. Era um lugarzinho bonito. Eu me sentei em uma das rochas, para admirar tanta beleza. Afinal, tinha me cansado muito correndo. Lucas sentou-se ao meu lado, olhando para as plantas que cresciam na margem. Ele tinha dedicado um bom tempo estudando biologia, principalmente genética e plantas, e achava as coníferas daqui bem monótonas.
“Prefiro a amazônia. A diversidade aqui é quase nula.”
“Eu também gosto de lá. Poderíamos ir lá...”
“Parece uma boa ideia. Eu quero sair desse deserto verde...”
“Com você eu iria até para o inferno... Isso tudo é um sonho?”
“Se for, não quero acordar.”
“Você vai gostar do sangue de onças. De qualquer forma, é algo diferente para você. Quanto mais tipos você experimentar, menos falta vai sentir do sangue humano. Podemos dar prejuízo a algum fazendeiro lá, matando o gado... imagina a lenda que ia surgir! Tirar o sangue já está um pouco passado, mas imagina matar, e sumir com o coração? As pessoas enlouqueceriam, pensando que eram lobisomens, ou sei lá o quê.”
“Hmm... E quanto a marcar plantações de milho com símbolos circulares? Também assustaria muito! Alienígenas! E animais desaparecendo depois de um barulho estranho?”
“Sim! Demais! E lá nós pod...”
Mas não terminei meu enunciado.
Porque duas coisas aconteceram simultaneamente.
Primeira: Lucas se levantou num pulo, se posicionando de forma protetora diante de mim.
Segunda: Um cheiro familiar começou a se aproximar.
Meus instintos me mandaram fugir dali.
terça-feira, 17 de novembro de 2009
inimigos do destino
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